Biomonitoramento é ferramenta potencial para análise da água na produção de tilápia

Amostradores com substrato artificial foram bem sucedidos na colonização de macroinvertebrados bentônicos em viveiros de tilápias, sendo uma alternativa simples e de baixo custo para monitorar a qualidade da água

Amostradores com substrato artificial foram bem sucedidos na colonização de macroinvertebrados bentônicos em viveiros de tilápias, sendo uma alternativa simples e de baixo custo para monitorar a qualidade da água, onde diferenças na qualidade da água e na fauna bentônica podem estar relacionadas às práticas de manejo, como a presença de grama nos bancos dos viveiros e a presença de mata ciliar próxima a estes, mostrou estudo conduzido por pesquisadores da Embrapa, em 4 fazendas produtoras em Conchal, Mogi Mirim e Itapira, na região da Baixa Mogiana, SP.

Como os viveiros não possuem substratos semelhantes aos corpos d’água naturais, o uso de substrato artificial auxilia na padronização da área de amostragem e tempo inicial de colonização, redução da variabilidade, tempo de processamento, custos operacionais e maior precisão dos dados, além de serem fáceis de fazer e manusear. Feitos com materiais de baixo custo, são menos dependentes das condições de cada tanque ou piscicultor, permitindo a comparação entre eles.

Conforme a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Mariana Silveira Moura e Silva, o biomonitoramento é baseado na medição e interpretação da integridade biótica de ambientes naturais por meio de mudanças na abundância, diversidade e composição de grupos de organismos indicadores que dependem de condições específicas para sua sobrevivência.

De acordo com a FAO, em 2019 os peixes de água doce cultivados atingiram 758 mil toneladas e a tilápia foi a principal espécie cultivada, com 57%. O Brasil foi o quarto maior produtor do mundo, com expectativa de crescimento de mais de 32% até 2030, onde os viveiros são o sistema de criação mais popular, representando uma área de 194 mil hectares. “Esse crescimento precisa estar associado à sustentabilidade e o monitoramento da qualidade da água é essencial, ressalta a pesquisadora.

Facilidades e benefícios

Os invertebrados aquáticos têm sido amplamente utilizados para avaliar as condições ambientais devido à sua abundância, facilidade de coleta com equipamentos de baixo custo, baixa mobilidade e preferência por habitats e condições ambientais específicos. A partir da fauna amostrada, é possível calcular o número de indivíduos, porcentagem de organismos tolerantes e sensíveis, diversidade da comunidade e equidade.

“Assim, explica Mariana, é possível integrar impactos de mais longo prazo, em comparação com as análises físico-químicas. Porém, ainda não existem protocolos ou índices baseados em organismos bentônicos desenvolvidos para viveiros no Brasil”.

A área foi escolhida devido à alta concentração de produtores de tilápia do Nilo e as pisciculturas selecionadas com base em práticas semelhantes – densidade de estocagem, conteúdo nutricional das dietas e manejo alimentar e foram monitoradas de fevereiro a maio de 2016. Apesar dos piscicultores utilizarem as mesmas práticas de manejo e alimentação (32% de proteína bruta das dietas), foram observadas diferenças significativas para todos os parâmetros físicos e químicos de qualidade de água.

“No entanto, como a qualidade da água foi boa para o desenvolvimento da tilápia, atendendo aos limites preconizados para a criação dos peixes, acreditamos que ainda não seja possível associar um bioindicador a uma condição específica de qualidade da água, principalmente para oxigênio dissolvido, que é um parâmetro chave para a sobrevivência dos peixes”. É preciso ampliar o número de pisciculturas estudadas, incluindo propriedades com extremos de qualidade de água, para que se possa propor um índice biótico para viveiros escavados”, diz a pesquisadora.

Todos os dados coletados no neste estudo estão disponibilizados no site BioAqua-viveiros escavados.O sistema também é apresentado e descrito em uma publicação, com dados, fotos e desenhos dos organismos bentônicos, facilitando o reconhecimento dos grupos bioindicadores.

O estudo é de Mariana Guerra Moura e Silva, Marcos Losekann, Alfredo Luiz, Josilaine Kobayashi e Hamilton Hisano, da Embrapa Meio Ambiente e está disponível aqui.

Fonte: Embrapa Meio Ambiente

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